domingo, 11 de abril de 2010

A visão de Drumond sobre as moças de Belo Horizonte

Belo Horizontinas no Bar do Ponto em 1935

A última edição do Jornal da Pampulha traz uma crônica de Carlos Drumond de Andrade elogiando o charme intelectualizado das nossas ancestrais.
Na crônica "Entre o baton e os livros" ele confessa seu encantamento pelo que chamou de intelectualização das jovens que viviam na capital mineira na década de 1930. Segundo ele, nossas avós, moças da Belo Horizonte daquela época, não se adaptaram ao "modelo melancólico das inglesas, de um ser desgracioso, agido e medular, decorado com um par de óculos cintilantes e botinas intermináveis, com um vestido horroroso no meio", e continuavam bonitas, adoráveis e de bem com a vida.
"Confesso que fico um tanto comovido quando, ao pegar meu bonde das 11 horas, vejo no banco da frente a moça que lê André Mourois - `Les Mondes Imaginaires Gracssete, 25iéne Édition` - e no banco de trás a moça que assina a Litteray Digest (notem que não é Ardel nem a `Revista da Semana`), ambas perfeitamente normais e intergradas ao quadro cotidiano", escreveu Drumond. E isso, de acordo com o cronista, não era mais uma exceção na cidade, onde ele notava que "toda novidade bibliográfica francesa, inglesa, espanhola, etc, encontrava leitoras bonitas."

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