terça-feira, 20 de abril de 2010

Sobre a primeira grande desilusão...


" Um dia, contava meu tio, eu saí atrás de meus irmãozinhos, Aurélio e Ernesto, teu pai, terrível como você, me disse, rindo. Eles tinham sumido, escapado da minha vigilância. Onde diabos eles teriam ido se meter? Procurava os dois, na maior aflição, já tinha vasculhado todos os cantos do navio quando lembrei de entrar no depósito de bagagens. Sabem quem eu encontrei lá? Meu pai. O nonno estava sentado em cima de um baú, ali escondido, chorando. Não cheguei perto, fiquei calado, só olhando. Ele não me viu porque estava com as mãos no rosto. Eu nunca pensei que pudesse ver um dia uma coisa daquelas: meu pai, um homem tão forte, tão corajoso, chorando. Nunca imaginei que meu pai soubesse chorar... Confesso que fiquei triste, desapontado, ao ver meu pai soluçando daquele jeito."

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