sábado, 22 de maio de 2010

Memórias do Bauzinho...


Estava tentando matar o meu tão precioso e escasso tempo no aeroporto de Guarulhos, quando recebi uma mensagem no e-mail: "Flávia, o bauzinho de memórias está lindo!!!! Não me canso de ler. Não deixe de escrever sempre!!! Bjs, Soraya!"

Vinda de uma prima tão querida, com quem passei os melhores dias da minha infância e "aborrescência", não podia deixar de me emocionar. Como já disse outras vezes, não criei esse blog pensando em quem ia ler as postagens. Foi antes uma forma de me forçar a escrever sobre assuntos não-técnicos, o que às vezes é muito difícil para quem trabalha especificamente com editoração de artigos. Mas, saber que alguém tão especial tem lido e gostado, é muito bom!

Como não podia deixar de ser, a mensagem me fez lembrar da Soraya e, consequentemente, voltar em um tempo dos mais bem vividos, quando quase tudo era alegria. Fez lembrar também da minha outra prima, Daisy, e do trio inseparável que éramos. E, é claro, também dos meus queridos tios, Maria Esther e Antônio, o "Titoim", meu segundo pai, de quem sinto uma saudade imensa. Como essa família foi importante na minha formação pessoal e das minhas referências e valores! Ali eu não era sobrinha, era filha; não era prima, era irmã.

Meu tio era uma pessoa das mais espetaculares que já existiu. Foi seminarista convicto, tão convicto que bastou olhar para a linda italianinha Maria Esther para desistir imediatamente de ser padre. Era um homem de visão! Tanta visão que, na era Sarney, quando todos sofriam com a inflação e falta de produtos básicos, ele tinha uma despensa com quilos de arroz, feijão, carne congelada, e outros itens essenciais como leite condensado e 1000 canetas Bic...rsrsrs. Estava sempre de bom humor e, ao contrário do irmão (meu pai), tinha um espírito aventureiro que eu adorava. Gostava de viajar, acampar e sempre foi empreendedor. Vendeu aparelhos de som, fabricou sabão e criou codornas dentro de casa, até encontrar seu grande talento e, junto com toda a família, montar uma empresa e criar os bolos de festa mais lindos do Brasil.

Acho que todos, quando crianças, têm alguém com quem gostariam de se parecer quando crescessem. No meu caso, era a Soraya. Queria ser bonita como ela, esperta nos jogos e brincadeiras (aliás, nesse quesito ela sempre me classificou como lerda), falar das coisas interessantes que só ela sabia e, mais tarde, abraçar e beijar um namorado como ela fazia com os dela... Aliás, esse é um capítulo à parte nas nossas histórias. Foi a Soraya que me ensinou o que fazer no momento do tão temido "primeiro beijo". E com aulas práticas! Quantas horas passei com um gomo de mexerica entre os lábios...rsrsrsrs.

Fomos meninas de uma época antes do computador e do celular. Nos fins de semana andávamos de bicicleta por todo o bairro e passavamos horas brincando de boneca e de "Deusa", jogando Banco Imobiliário, pulando amarelinha ou corda, fazendo cabaninhas no quarto  e transformando o quarteirão da Rua Marquês do Lavradio no nosso "Estádio Olímpico", onde rolavam partidas animadíssimas de queimada, polícia e ladrão, mãe da rua e todas as modalidades de pique.

Com o passar do tempo as brincadeiras foram substituídas por festinhas, matinês no Olímpia e Hippodromo, saídas noturnas com hora marcada para chegar em casa, e quando assustamos já éramos adultas... Aí veio a Universidade, cada uma fazendo um curso diferente e, como era de se esperar, nos afastamos cada dia mais. Hoje, muito mais por minha culpa, nos vemos muito pouco. Mas, cada reencontro é, para mim, como se apenas uma semana tivesse se passado desde a última vez que nos vimos. A afinidade, o carinho e a cumplicidade são laços que não se afrouxaram com o tempo, e eu sei que sempre, mesmo quando estivermos bem velhinhas, seremos "as meninas" da família, inseparáveis.

2 comentários:

  1. Noooosa Flávia!!!! Faz isso não!!!
    Meu coração já tá com 40 anos e apesar de a gente não sentir, o tempo passa!!!! É muita emoção pro coitadinho!!!
    Você não é como se fosse minha Irmã! Você é minha irmã....e agora mais do que nunca!!Pense bem....... pelo ao menos aqui nessa vida, agora a minha mãe é a sua mãe e o seu pai é o meu pai! Isso nos torna quatro irmãs de verdade não é mesmo?
    Eu sei que não sou o exemplo de pessoa que você acreditou um dia, mas fico feliz que minhas qualidades tenham valor ao seus olhos, porque as suas são hoje, pra mim, uma fonte não só de boas lembranças como também de inspiração e de alegria!
    Te adoro minha irmã caçula!
    Bjs, Soraya.

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  2. Sosô,

    Fico muito feliz que tenha gostado!
    Só não sei de onde você tirou que não é o exemplo de pessoa que acreditei um dia. Você
    foi e sempre será a minha "ídola do mundo real". É claro que as qualidades mudam com o
    tempo e hoje acho que já aprendi a beijar...rsrsrs, mas você continua sendo um grande
    exemplo de garra, honestidade, amor à família e, é claro, beleza interior e exterior.
    Te amo muito, minha irmã mais velha!

    Um grande beijo,

    Flávia

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